Homogeneizando

O primeiro pensamento que tenho quando me deparo com uma multidão é: "Ai 'Jazuz', deixa-me lá sair daqui".
A verdade é que não sou dada a confusões, a multidões, a encontrões, pisadelas e maus cheiros.
Ainda assim, o pensamento não é concretizado. Fico. Permaneço no meio da multidão e sou mais uma. Porque vamos todos ao mesmo, porque tenho mesmo de estar ali, porque às vezes também me apetece ser mais uma. Faço parte da multidão e continuo eu. Observar tantas pessoas que eu não conheço e que não me conhecem sabe-me bem. Mas é quando nos queremos confundir na multidão e no anonimato que ela nos consegue proporcionar que acabamos por ouvir a última voz que estávamos à espera e que nos conhece. Mas nós não queremos falar nem rir. E agora? Agora fazemos um sorriso amarelo, uma abanadela de cabeça em jeito de cumprimento e seguimos em frente.
Posso parecer fria, arrogante, distante, antipática... O que for. Mas fingir não. Não quero e não tenho de. Eu sei o que sou e não quero saber o que pareço.